quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Textos

Há textos e textos. Percebem?
Por um lado, temos "textos". Por outro, temos "os textos".
O primeiro conceito refere-se às inúmeras composições diárias, ora escritas por obrigação do emprego, ora por razões infinitas que nos levam a despejar letras agrupadas em definições num papel. Estes textos revelam-nos necessidades psicológicas, o dia-a-dia privado, notificações monetárias, empresariais e inclusive experimentais.
O segundo conceito diz respeito aos textos como obras poéticas, prosas reconhecidas, textos de diversas origens com um profundo emaranhado de sentimentos e pensamentos que deslocam o leitor para dentro de cada parágrafo. A cada instante de leitura, o cérebro provoca reacções que, a nível neurológico, fazem com que quem lê se sinta parte da própria acção do texto. E, seja fantasiada ou factual, a história torna-se real dentro de cada um. Esses sim, são os textos para que me viro.
Apelo à leitura. Creio que os livros se tornaram secundários em relação às novas tecnologias. No entanto, um livro pode revelar muito mais do que se espera de um computador. O tacto deixa-nos apreciar a textura do papel, a rugosidade da capa, um conjunto textual que somente quem experiencia, compreende. O prazer da leitura é algo insuperável por um elemento tecnológico. Os textos permitem-nos desenhar um mundo privado, longe das percepções dos restantes, e criar. Uma sensação incomparável.
Por isso, peço. Dediquem um pouco do vosso tempo à leitura "dos textos". Para além de um enriquecimento cultural garantido, estão a promover a leitura às gerações futuras.

Ana Melo

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Madrugada

Saíste.
A madrugada sente a falta,
o vazio de uma metade.
Sente saudade.

Ergue-se o espectro
duvidoso e arrependido,
rejeitado e dorido,
a quem a mágoa invade.

Foste.
A crença deixou de me suportar.
Vieste, tiveste e a tua escolha foi deixar
a marca de tal crueldade.

De novo o sorriso se esboçará,
viverá no seu maior esplendor,
Revelar-se-á promessas de amor.
Matará a sua infelicidade.